A dependência química é uma doença cronica que afeta o funcionamento do cérebro. Essa é a premissa básica apresentada pela psiquiatra Nora Volkow, diretora do NIDA (Istituto Nacional sobre abuso de Drogas, na sigla em inglês).
A especialista explicou que o consumo seguido de substâncias psicoativas produz no cérebro um efeito semelhante ao que acontece no coração de pessoas com problemas cardíacos. Através de exames que mapeiam a atividade cerebral, pesquisadores descobriram que a dependência química reduz o metabolismo em áreas como o córtex orbitofrontal. "Essa área também é afetada no transtorno obsessivo-compulsivo. É a região do cérebro que nos permite mudar o comportamento de acordo com a necessidade. Por isso algumas pessoas dizem que não sentem mais prazer com o uso de drogas, mas mesmo assim não conseguem parar", diz Nora.
Ela destacou que esses efeitos podem ser potencializados no caso em que o uso de drogas acontece durante o desenvolvimento cerebral.
Assim, o desenvolvimento da doença, depende da interação entre aspectos genéticos e ambientais. Ambos os fatores podem estimular ou diminuir a ação dos receptores dopaminérgicos que funcionam como um "protetor biológico", contra o vício. "Como sabemos que estressores sociais afetam esses receptores, podemos desenvolver estratégias de prevenção para os adolescentes socialmente vulneráveis", declarou a pesquisadora.
Sobre o trabalho de recuperação para os dependentes, Nora explicou que a compreensão da dependência como doença cronica deve orientar a terapêutica para o longo prazo.
"O fato de termos recaídas durante e após o tratamento não significa que ele não funciona. Pelo contrário, assim como na hipertensão, a dependência exige cuidados contínuos".
Segundo ela, com base no mecanismo cerebral responsável pela dependência, a intervenção deve ser direcionada para restaurar as conexões cerebrais afetadas.
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