A psicóloga Ana Beatriz P. Guimarães, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), avaliou em sua pesquisa de Doutorado, 62 mulheres com cerca de 40 anos, sendo 32 delas alcoólatras.
Ela avaliou não só as mulheres, bem como suas famílias, em que elas e suas mães cresceram. Em seguida analisou como as três gerações se relacionavam dentro de casa.
As mulheres alcoólatras aprendiam a beber e ser violentas com suas mães, que, por sua vez, sofriam violência da avó. "Essas mulheres repetem o que é conhecido", explica Ana Beatriz.
"Elas até desejam fazer diferente, mas tem o repertório para isso, já que o modelo de aprendizagem da violência é passado de geração a geração."
As mulheres alcoolistas tinham a mãe com o mesmo vício em 23,3% dos casos. O companheiro também era viciado em 20% dos casos. A maioria das mulheres e suas mães haviam sofrido agressão sexual, física ou verbal. As mães de mulheres alcoolistas também eram autoritárias e centralizavam suas decisões, enquanto nas famílias de mulheres sem vício, o poder era dividido entre o casal.
A psicóloga também classificou as relações entre os membros da família de alcoólatras de disfuncionais. "Nessas famílias não existia suporte, e apoio entre os membros" descreve. Além disso, as regras familiares para lidar com os problemas diários, não são bem estabelecidos. Isso gera crises familiares e sofrimento.
Segundo a psicóloga, a pesquisa é a primeira no Brasil, a descrever a transmissão entre gerações de estruturas de famílias de mulheres alcoólatras e mostra a importância da prevenção.
"Se o profissional da saúde for trabalhar com essas mulheres e tentar mudar o padrão e comportamento delas, as filhas poderão experimentar um ambiente familiar diferente, em que elas não repitam os mesmos erros de suas mães.
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