terça-feira, 5 de abril de 2011

"Síndrome de Münchhausen".


Embora não seja, pelo menos por enquanto, considerada uma síndrome neuropsicológica, acho importante usar este espaço para divulgar mais este transtorno mental.

Os pacientes com síndrome de Münchhausen,inventam doenças para receber cuidados,mas fogem quando descobertos, impedindo o tratamento psiquiátrico.

São desconhecidas as razões que levam o portador do transtorno a procurar incessantemente atendimento hospitalar,muitas vezes se submetendo a procedimentos invasivos como laparoscopias e endoscopias, mas existem hipóteses.

"São pessoas carentes, que precisam de cuidados e encontram no médico a obrigação de cuidar",diz a psiquiatra Ana Gabriela Hounie, do Instituto de psiquiatria do Hospital das Clínicas.

"Não há um objetivo muito claro e não se sabe qual o ganho,mas a pessoa sente prazer colocando-se na condição de doente e se achando especial por ter uma equipe dedicada à ela",diz Hounie.

"Imagine alguém que se coloca em situações de risco, fazendo diversas cirurgias. É uma forma patológica de conseguir atenção."

Para Wagner Gattaz, presidente do Instituto de Psiquiatria do H.C., o maior problema é o médico tratar esse tipo de paciente como um mero simulador, e não como um portador de um transtorno.

"Quando detectam que a doença é falsa,muitos médicos comecam a considerar o paciente como um mentiroso.Isso é ruim,porque a pessoa foge do hospital e não trata do problema",afirma.

Diante da suspeita de doença fictícia,o médico deve atentar para o histórico de internação do paciente e outros sinais característicos, sugere Gattaz.

É o caso do chamado "abdomem em grelha", ventre marcado por cicatrizes de várias cirurgias e da demonstração de conhecimento de medicina.

"Eles fazem as queixas sem emoção. Descrevem dores abdominais como se fossem rotina.Mas quando alguém sente mesmo dor, ela está estampada no rosto".

Uma versão particular da Síndrome preocupa os pediatras. É a Münchhausen, "por procuração", ou seja, um dos pais, em geral a mãe, atribui ao filho a doença fictícia, e pode até chegar a provocar os sinais.

"Ela extrapola no filho, aqueles mesmos motivos psicológicos que usaria nela mesma, para chamar a atenção à sua condição de protetora", explica Gattaz.

O ideal é que diante da suspeita,o médico peca detalhes do caso para detectar contradições.

"Se o filho não é tão pequeno, a equipe médica pode pedir que a mãe saia para conversar a sós com a criança", diz Rachel N. Sanchez, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria.


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