Um grupo de pesquisadores do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), desenvolveu um estudo pioneiro, com o uso de exames de neuroimagem.
Cerca de 30 pacientes entre 20 e 40 anos, que utilizavam a droga por no mínimo 11 meses e no máximo 3 anos, participaram da pesquisa.
Os resultados confirmaram que a droga prejudica o funcionamento do cérebro como um todo, mas mostram que ela compromete principalmente o lobo frontal. Essa região é responsável, entre outras funções pela criatividade, pelo controle da impulsividade e pelo senso crítico. "Isso explica alguns comportamentos muito comuns entre os viciados, como mudanças repentinas de humor, e surtos de agressividade, por exemplo", diz o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do estudo.
Sabe-se que a cocaína é um potente vasoconstritor, ou seja, ela provoca uma contração das artérias, especialmente as cerebrais. Desta forma, sobra menos espaço para o sangue circular. Além disso, a constrição agride as paredes dos vasos e as deixa mais vulneráveis à pressão feita pelo fluxo sanguíneo. Com isso, a probabilidade de um derrame aumenta, ou de vários pequenos derrames, que embora, imperceptíveis, podem ter um efeito devastador se somados ao longo do tempo. De acordo com os autores do estudo brasileiro, esses miniderrames são responsáveis pela perda gradativa cerebral notada entre os usuários de cocaína. As conclusões da pesquisa também valem para outras drogas, como o ecstasy e o crack.
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