Um grupo de pesquisadores coordenado pela médica Cristina Marta Del Bem, do Departamento de Neurociência e Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, fizeram a correlação entre dados de neuroimagem e testes clínicos, e dão os primeiros passos para definir as diferenças clínicas e biológicas entre Depressão Psicótica e Não Psicótica.
O estudo foi realizado com 23 voluntários com Depressão Psicótica, 25 co Depressão Não Psicótica e 29 saudáveis. Os participantes foram submetidos a exames de neuroimagem, a avaliação clínica e a testes de memória verbal e visual.
Foi observado que embora todos os participantes apresentassem o mesmo grau de depressão, os com manifestações psicóticas prestaram mais atenção às imagens negativas ou às expressões de tristeza. "Eles não percebiam estímulos positivos que já havia sido visto ou acreditavam se lembrar de imagens negativas que, na realidade não tinham sido mostradas anteriormente. É como se eles apresentassem um viés para o que é ruim.", ressalta Cristina. Os exames físicos mostraram que os voluntários com Depressão Psicótica apresentaram, ainda, alterações do volume cerebral, notadas principalmente pela diminuição do istmo do giro do cíngulo, uma estrutura que faz parte do sistema límbico e é responsável pelas emoções.
Segundo os estudiosos, essa redução diferencia claramente os dois casos de Depressão estudados na pesquisa. Além disso, quanto mais grave o caso psicótico, menor era a região.
Os cientistas acreditam que o trabalho possa ajudar a descobrir até que ponto a Depressão com psicose pode estar ligada à percepção distorcida de um estímulo externo. "É uma hipótese que estamos levantando. A possibilidade de uma distorção na forma de ver estímulos externos é, a princípio, coerente com a percepção de delírios e alucinações", reforça Cristina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário